29 março 2016

Contos d'Ella #2


O mar estava calmo, relativamente calmo. O vento pairava suavemente sobre as ondas enquanto as gaivotas voavam serenamente, apreciando a brisa e o prazer de tocar as águas. Não se avistava vivalma. Eu estava sentada no pequeno barco, emprestado pelos pescadores que ainda estavam limpando as suas redes na margem.

Sempre fui apaixonada pelo silêncio, pela natureza, pelo céu. Deitei-me na madeira clara e úmida, com os olhos fechados. Respirei fundo e fiquei ali. Parada. Ouvindo o som dos meus batimentos cardíacos. Ouvindo tudo e nada ao mesmo tempo.

"Desculpa, não consigo ficar em silêncio por tanto tempo. No que está pensando?"

Ele fala. E a sua voz é como o pulsar das águas abaixo de nossos pés. Não fria, mas calma.

"Ei...vai me deixar no vácuo mesmo? Está preparada para enfrentar a arma secreta?"

Mantenho o silêncio. Por experiência própria eu já sei qual é a arma secreta. Mas estou em um clima tão preguiçoso que minha mandíbula mal se mexe para pronunciar um protesto. Deixo-me ficar quietinha.

"Okay, foi você quem pediu..."

A calmaria do mar alto é interrompida pelo meu grito de susto e uma 'rajada' de gargalhadas. Como eu disse, já estou acostumada à "arma secreta", cócegas, mas sempre sou pêga desprevenida. Me rendo, levantando a mão direita, pedindo trégua. Lágrimas já escorrem dos meus olhos e meu estômago está um pouco revirado após a pequena guerra.

O silêncio volta a reinar, mas agora estamos sentados, lado a lado, olhando o horizonte. Então, ele fala.

"Você já parou para pensar em tudo o que nos aconteceu até esse momento? Quer dizer, eu nunca cheguei realmente a te procurar, nem você me procurou. Mas tudo aconteceu de forma tão perfeita..."

Era uma pergunta retórica. Olho para as nuvens, no céu azul, e percebo que sou a mulher mais feliz deste mundo. Sim, não foram poucas as vezes que a desistência insistiu em querer me derrubar. Mas, com a ajuda de Deus, lutei com cada músculo de meu corpo, com cada gota de sangue, a cada minuto que me era apresentado.

'A recompensa dos fiéis não é brincadeira', pensei. Me sinto realizada. Eu, ele e toda essa grandeza que Deus criou, o que me faz entender que Ele também está aqui, do nosso lado.

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