27 março 2015

Manipuladores de Palavras


Acredito que não há nada mais frustrante para um escritor do que deparar-se com uma página em branco e não ter o que escrever nela. Quer dizer, ter idéias ele tem, mas não estão fluindo como normalmente acontece. Há momentos em que a inspiração simplesmente decide parar de trabalhar para você. Exigimos sempre tanto dela mas nunca corremos atrás para obtê-la.

Como manipuladores de palavras, ficamos sentados no sofá assistindo um seriado estilo vida real e achamos que algo vai mudar. Não procuramos sinônimos, não lemos jornais, revistas, dicionários ou enciclopédias. Mas queremos que, como por mágica, a inspiração nos dite todo o texto a ser transferido para o papel. Somos tão ingênuos.

Mas quando nos damos conta da nossa incapacidade, insuficiência e frivolidade, começamos a discursar sobre o quão é triste querer escrever mas não ter o que dizer. É como um pintor algemado, um cantor amordaçado, um dançarino caído.

E nessas tristes palavras de quem acha que perdeu o dom enquanto assistia o noticiário da tarde, acaba surgindo uma pontinha de esperança. Uma frase desponta lá no cantinho e vem de mansinho se aproximando da tela do computador. Com habilidade o escritor suga-lhe todas as energias e arrasta-a para a folha em branco que começa a ganhar uma leve tonalidade de branco e preto.

Após isso, muitas histórias são contadas, muitas vidas descritas e muitas lágrimas vertidas. Afinal, para quê você escreve? Por dinheiro? Por fama? Ou simplesmente por amor?

Se não for por amor, aposente a inspiração, porque ela só trabalha por motivos puros. Não espera retorno, elogios e aplausos. Ela quer simplesmente te ajudar a esvaziar teus sentimentos de uma forma mais delicada, poética até. É como uma terapia, só que bem melhor.

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